Demolidor: Renascido, a nova série do Homem Sem Medo, terminou a sua primeira temporada na semana passada e abriu os caminhos para o herói finalmente ser considerado parte do universo Marvel. Depois de algumas aparições dentro do MCU, o advogado cego mais famoso dos quadrinhos ganhou sua própria série, que acabou se saindo bem, apesar de alguns problemas durante a sua produção.
Ao todo foram nove episódios lançados no Disney+, sendo 3 deles incluídos posteriormente na série após regravações. Demolidor: Renascido inicialmente seria apenas um “reboot”, trazendo os atores Charlie Cox e Vincent D’Onofrio para reprisar seus papéis como Matt Murdock e Wilson Fisk, respectivamente. Porém Kevin Feige, chefão da Marvel Studios, resolveu intervir e transformar a série em uma “continuação” da história que já havíamos acompanhado anteriormente na Netflix.
A trama da série começa mais ou menos de onde a terceira temporada da Netflix parou. Matt, Foggy e Karen ainda trabalham juntos na sua firma de advocacia, apesar de já terem se passado sete anos desde a prisão de Wilson Fisk e do Mercenário. Porém, uma tragédia faz com que o trio de amigos se separe e Matt desista de ser o Demolidor. Já Fisk é um novo homem depois de abdicar de sua vida criminosa como Rei do Crime. Ele agora está disposto a se tornar prefeito de Nova York e fará de tudo para “ajudar” a sua cidade.
O interessante aqui é que as refilmagens deram um contexto maior para esse recomeço da história do Demolidor. No corte original, Matt começaria sozinho, já que Foggy e Karen não fariam parte da série e pra piorar a personagem de Vanessa Fisk, esposa do Rei do Crime, seria interpretada por outra atriz. Tudo então foi reformulado para que os atores originais retornassem aos seus papéis e fossem incluídos na história. E que bom que isso aconteceu, pois poderíamos ter uma série completamente diferente e sem conexão nenhuma com a história que já conhecemos.
Outro ponto é que a série faz questão de mencionar os eventos que se passaram antes dela e envolveram Matt Murdock e Wilson Fisk dentro do MCU. Fisk fez uma breve participação em Gavião Arqueiro e teve uma relação paternal com a heroína Eco em sua série. Matt, por sua vez, também fez aparições em Eco, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa e Mulher-Hulk, sendo que nessa última ele até ganhou um update em seu uniforme, mudando de vermelho para amarelo.
Porém, esse intervalo de sete anos da história que não pudemos acompanhar, acabou não sendo abordado pela série. Supondo que Matt continuou a sua luta contra o crime depois da terceira temporada da Netflix e Wilson Fisk teve uma redenção após sair da cadeia, ainda acho que faltou ali pelo menos alguns flashbacks para mostrar essa transição de tempo. Isso poderia até ser trabalhado melhor na próxima temporada, com um roteiro escrito do zero e que ajude a preencher algumas lacunas que acabaram ficando entre uma série e outra.
Aliás, é nítido que as regravações tiveram um impacto dentro da série, seja ele positivo ou negativo, dependendo do ponto de vista. A série originalmente mostraria Matt Murdock mais como advogado do que como Demolidor e serviria como um recomeço para o herói, que já teria tido toda uma vida como vigilante, como mostram as máscaras guardadas em seu covil. As tramas do Tigre Branco, do Prefeito Fisk e do Muso eram todas originais desse primeiro roteiro. Inclusive, o vilão mascarado acabaria tendo mais destaque na série nessa versão original.
Depois das regravações, tivemos o retorno de Foggy, Karen, Vanessa, Mercenário e em especial o Justiceiro, que acrescentaram ainda mais tramas a história que já existia ali. Talvez o fato de essas inserções terem sido feitas de última hora, acabou deixando tudo um pouco corrido, mas creio que o balanço final tenha sido positivo. Afinal, a ideia de “começar do zero” a história de Matt Murdock parecia algo estranho no papel e certamente não era vista com bons olhos pelos fãs do personagem. Decisão correta do sr. Kevin Feige em reformular a série, apesar das contravenções.
Por fim, não tem como não falar da atuação de Charlie Cox e Vincent D’Onofrio, mais uma vez garantindo aplausos a cada nova iteração de seus personagens. Talvez isso tenha sustentado a série mais do que tudo, já que a história teve alguns altos e baixos, mas se manteve firme pela presença dos dois ali carregando a série nas costas. O fato de terem focado muito na relação entre Matt e o Rei do Crime, como dois lados da mesma moeda, não me desagradou, muito pelo contrário.
Acho que os personagens são realmente parecidos, visto que os dois possuem demônios internos que só podem sair quando eles assumem suas verdadeiras identidades. Matt nunca vai deixar de ser o Demolidor, assim como Fisk sempre será o Rei do Crime, mesmo que a vida leve os dois para caminhos diferentes. O gancho no final da temporada deixa claro que a rixa entre eles ainda não acabou e está apenas começando. Aguardemos então o que estará por vir na próxima temporada…
E você, o que achou da nova série do Demolidor? Fique ligado no Nerd Zombies para mais reviews como esse.